sexta-feira, 25 de junho de 2010

Entrevista com Illuminandi

Do blog Vidas em Revolução

Sem horas e sem dores, orgulhosamente trago hoje aqui no blog, em primeira mão, uma entrevista que fiz com Jan, fundador, vocalista e guitarrista da banda polonesa Illuminandi. Com ele conversei, via e-mail, sobre a história da banda, origem do nome, carreira e posição em relação a algumas questões em alta no mundo da música contemporânea.

Para quem ainda não conhece a banda, faço aqui um rápido esboço: Illuminandi é uma banda originária da Polônia que executa - muito bem, diga-se de passagem! - Doom/Gothic Metal com influência de inúmeros outros estilos musicais. Trazem na carreira duas demos: "Demo I" e "Demo II"; um EP: "Illumina Tenebras Meas"; uma coletânea: "The Beginning"; e um recém-lançado álbum cheio: "In Via". Para quem quiser ouvir e conhecer mais, eis o myspace da banda: http://www.myspace.com/illuminandi

Sem mais delongas, fiquem com as considerações do Jan em nome de toda a banda Illuminandi.

Obs.: Todos os grifos do texto (aspas, caixa alta e itálico) são do próprio Jan.

1. Olá, Illuminandi! Primeiro, nós gostaríamos de saber: o que significa “Illuminandi”? Por que foi escolhido este nome?

Olá! Aqui é o Jan, do Illuminandi. Nosso nome, Illuminandi, é um vocábulo do latim, que significa “aquele que está a ser iluminado”. Este vocábulo era usado pela Igreja primitiva para designar as pessoas que estavam a ser batizadas. Eu encontrei isso em um artigo sobre espiritualidade. Por que nós decidimos usar este vocábulo como nome da banda? Bem, para nós Deus é a definitiva fonte de luz, vida e amor. Nós cremos que, graças ao sacrifício de Jesus Cristo, O veremos face a face um dia, e nos alegraremos em Sua presença. Essa é a iluminação que esperamos completar. Assim, o vocábulo “Illuminandi” carrega esperança. Lembra-nos que ainda que tenhamos problemas, caiamos e algumas vezes as trevas pareçam prevalecer em nossas vidas, um dia todo mal será derrotado e veremos a maravilhosa luz de Deus. É assim que nós entendemos o nome da banda. Nós escolhemos um vocábulo em latim porque achamos que soa mais “atmosférico” que um vocábulo inglês ou polonês. Latim era a língua usada pela Igreja medieval, e música medieval é uma das coisas que sempre me inspirou enquanto compositor. Assim, imagino que o nome “Illuminandi” reflete tanto a nossa fé quanto a atmosfera que tentamos criar com a nossa música…

2. Quando a banda começou? E o que lhes motivou a começar?

Eu comecei a banda com o outro guitarrista, Aleksander, em 1998. Todavia, foi necessário cerca de um ano para completar a formação. Eu penso que cada um entrou na banda por motivos distintos... No meu caso, isso se deu por um momento em minha vida em que eu decidi que queria me aproximar de Jesus e que também queria tocar música pesada com uma mensagem cristã.

3. Como era a cena musical polonesa quando vocês começaram?

Muito parecida com a cena atual.

4. Que bandas influenciaram sua música?

Cada membro tem inspirações diferentes. No meu caso, quando eu comecei a banda, tive grande influência da 2TM2,3 – que foi a primeira banda cristã de Rock pesado que realmente ganhou fama na Polônia. 2TM2,3 era constituída por membros de diferentes bandas seculares de Rock, Punk e Metal, e abriu a mente de muitas pessoas para a música cristã na década de 1990. Quando eu era adolescente, era um grande fã da banda, e eu queria ser como eles. Devo dizer que a música deles realmente me ajudou em minha espiritualidade e me empurrou para o caminho correto. Ainda sou mui grato por isso. Todavia, mesmo eles tendo me ajudado e me inspirado com suas letras baseadas na Bíblia, eles não são minha influência musical. Eu sempre amei Doom/Death Metal, Música Medieval e Renascentista, Música Celta, Melodic Death Metal e Nu Metal. Atualmente minhas influências são até maiores, incluindo muitos subgêneros do Metal, algumas bandas de Rock Progressivo, um pouco mais de Folk Music, Post-Rock, Reggae, um pouco de Pop... Eu descubro música nova a cada dia, então é impossível listar todas as minhas bandas favoritas, mas algumas das que mais aprecio são: Amorphis, In Flames, Paradise Lost, Virgin Black, In The Woods, Orphaned Land, Orphanage, Eluveitie, Dream Theater, Iona, Clannad, Dead Can Dance... eu poderia passar séculos citando as bandas!

5. Qual é a atual formação da banda?

Nós começamos com seis integrantes, mas nossa música se tornou mais pesada, e nós quisemos introduzir mais partes com gutural. Infelizmente, apesar de eu amar fazer gutural e executá-lo quando necessário, isso afeta muito a minha voz. Por isso tínhamos que escolher entre ficar sem gutural ou adicionar mais um vocalista na banda... ficamos com a última opção. Atualmente a banda tem sete integrantes, mas já passou por numerosas mudanças nesses sete integrantes. Como esse tipo de coisa é chata para a maioria das pessoas, se você realmente quiser ler sobre todos que fizeram parte do Illuminandi você é bem-vindo em nosso site para ler nossa biografia detalhada: http://www.illuminandi.kdm.pl/?page_id=922.
Apenas quero mencionar a mudança mais recente em nossa formação – nós temos um novo vocal gutural, agora. Radosław (Malchus), que substituiu Rajmund “Melon” Jelén em 2007, foi substituído por Paweł “Troy” Treutler. Radosław foi realmente um grande cara, mas o seu vocal era mais adequado para o Black Metal, que não casa muito bem com nossa música. Ele foi o nosso vocalista em shows durante dois anos, mas quando ouvimos os vocais que ele gravou para o nosso novo álbum (“In Via”) nós decidimos que queríamos um tipo diferente de vocal extremo. Foi esse o motivo pelo qual contatamos Paweł, que gravou todos os vocais guturais. Paweł também estará conosco em todos os nossos shows programados para 2010. Estamos muito felizes em termos um poderoso gutural mais atmosférico na banda.

6. Como a banda foi recebida na cena musical, no início?

Do modo corriqueiro, eu acho. Éramos corriqueiramente ignorados e/ou burlados pela cena do Metal “secular” e louvados pelos fãs de Metal cristão. Isso não mudou muito!

7. Como é a cena do Metal na Polônia atualmente?

Para ser honesto, eu não gosto da cena do Metal polonês. Há grandes bandas aqui, mas sinto que elas são subestimadas. Nós temos uma cúpula de bandas que têm mais espaço (Behemoth, Vader), enquanto outras boas bandas ficam no limbo dos ignorados. Bandas de Brutal Death e Black Metal são as mais populares entre os fãs poloneses de Metal; enquanto eu prefiro coisas mais melodiosas. Há UM POUCO de brutalidade em minha música, mas não o tempo todo. Algumas vezes eu sinto vontade de morar na Finlândia – todas aquelas bandas têm um grande sentimento para melodias, não importa se tocam Death Metal, Gothic Rock, Folk ou Doom Metal. Você consegue facilmente reconhecer uma banda finlandesa. Com as bandas polonesas é diferente – melodia é algo que a maioria dos metalheads poloneses acha redundante... Aqui, quanto mais rápido você toca, mais pessoas gostam de você. Eu não consigo entender isso... Para mim Metal é sobre e energia e poder, mas é também sobre atmosfera e melodia.

8. A Polônia tem muitas bandas cristãs (especialmente tocando Rock/Metal)?

Música cristã como concebemos hoje começou a surgir na Polônia na década de 1990. Antes disso havia algumas poucas bandas, mas sem espaço ou aparição real. Na década de 1990 foi que surgiu uma cena cristã, graças a bandas como 2TM2,3 e revistas como a RUAH. Infelizmente, a popularidade da música cristã diminuiu recentemente. A RUAH faliu e há poucos festivais agora... Eu sinto que esta cena está desaparecendo de novo...
Bandas polonesas tocando metal com uma mensagem cristã eu só conheço duas ou três. Ainda há bastantes bandas de Rock, mas não de metal, à exceção de dos trabalhos de Malchus, Pneuma e alguns outros jovens artistas.

9. A banda tem duas demos, dois álbuns cheios e um EP lançados. O que tem a dizer sobre a experiência de compor e produzir tudo isso? Como a banda vê o próprio trabalho atualmente?

Bem, nosso novo álbum intitulado In Via é de certo modo nosso primeiro álbum “real”. Eu explico: The Beginning (lançado pela Bombworks em 2005) foi uma reunião de nossas duas demos (Demo I e Demo II) e algumas faixas ao vivo. Illumina Tenebras Meas foi apenas um mini-álbum com faixas gravadas em versões em inglês e em polonês. In Via é nosso primeiro álbum cheio “de verdade”. Ele contém 11 faixas. Todo o processo de gravação e mixagem durou três meses. Isso custou muito dinheiro, tempo, sacrifício e até stress. Nesses meses nós praticamente moramos no estúdio de gravação. Deixe-me explicar: algumas vezes eu ia ao estúdio logo após o trabalho e voltava pra casa depois da meia-noite. Mas tudo isso valeu a pena – os resultados foram mais que satisfatórios, em nossa opinião.
Eu sinto que o novo álbum compreende todos os elementos que viemos introduzindo em nossa música através dos anos: há muitas passagens de violinos e violoncelos, mas também riffs pesados. Há guturais, vocais rasgados, muitos vocais limpos e até alguns vocais de hardcore. Dessa vez nós decidimos introduzir alguns instrumentos históricos em algumas de nossas canções: shawm, hurdy gurdy, harpa de boca e flautas recorders. Creio que posso dizer que este álbum é de fato diversificado – há algumas faixas mais rápidas, com influência do Death Metal; há canções mais cadenciadas, com influência do Gothic Metal; e bastantes elementos de Folk Metal. Estamos realmente orgulhosos do novo álbum e esperamos que os nossos ouvintes amem-no tanto quanto nós. Estamos muito ansiosos pra tocar as novas canções ao vivo!

10. O que gostaria de mudar na cena musical mundial?

Honestamente, eu não sei... Tudo o que queremos é tocar a música que gostamos e compartilhar com as pessoas... Se alguém se identifica com nossas músicas e/ou letras, então essa é a maior recompensa que um músico pode ter.

11. Quem compõe as letras da banda?

Eu escrevi a maior parte das letras para o novo álbum – algumas delas são baseadas na Bíblia, algumas são mais pessoais, mas todas com referências à cristandade. Também o nosso guitarrista, Aleksander, compôs algumas – a maior parte de suas letras é baseada na Bíblia. Nós também usamos algumas passagens da Bíblia, bem como um poema do famoso poeta polonês Leopold Staff. Portanto o novo CD reflete o que comumente fazemos – usar letras de diferentes autores e fontes, tendo sempre a Bíblia como nossa maior inspiração.

12. Onde os fãs brasileiros podem encontrar material da banda à venda?

No momento, é possível comprar nosso EP Illumina Tenebras Meas e nosso novo álbum In Via diretamente conosco. O EP também estará, em breve, disponível para download, graças a nossa cooperação com a Soundmass. Muitas distros de material cristão também estão vendendo nosso CD, pedimos que chequem nosso site para conferir informações mais recentes.

13. Atualmente, com a convergência de mídias, novos métodos de tocar, produzir e distribuir música, qual é a importância e a posição de um selo de gravação para um artista?

Nós estamos muito satisfeitos com o nosso selo atual – Ars Mundi. Nós tivemos completa liberdade e pudemos decidir sobre tudo – desde música e letras a capa do álbum, fotos da banda, etc. Ao mesmo tempo, o selo pagou uma parte considerável dos custos de produção (gravação, mixagem, prensagem, impressão), o que foi crucial para nós. Talvez a divulgação não seja um dos pontos fortes da Ars Mundi, mas com a internet a divulgação é algo que podemos fazer com nossas próprias mãos...

14. Qual é a sua opinião sobre downloads?

Eu penso que downloads ilegais não fazem mal se você quer conhecer o som da banda, suas letras, etc. É uma excelente maneira de deixar sua música disponível em todo o mundo, para qualquer pessoa. Mas se você realmente gosta da banda, eu penso que se deve fazer um esforço para comprar o álbum ou pagar por downloads legais. Eu detesto quando as pessoas se nomeiam “grandes fãs” dessa ou daquela banda, mas não têm uma única música paga desse artista. As pessoas querem que suas bandas favoritas continuem compondo e gravando CDs, mas elas não querem pagar pela música de que gostam. A verdade é que muitas pessoas não têm idéia do quão caro é fazer música! Deixe-me explicar, veja só: um músico tem que comprar seu instrumento (paga por isso!) e todo o equipamento, amplificadores, efeitos, microfones (para por isso!). Então aluga um local para ensaios (paga por isso!), paga pelo estúdio de gravação (paga por isso!), paga pela prensagem dos CDs (paga por isso!), paga pela arte de capa do álbum (paga por isso!), paga pela sessão de fotos (paga por isso!)... E isso é apenas a ponta do iceberg... Então, depois de alguns meses de trabalho duro, finalmente lança o álbum... E as pessoas esperam por isso gratuitamente... Isso é muito injusto – algumas vezes eu sinto que no negócio da música TODO MUNDO sai com dinheiro, menos os músicos... Eu não me dava conta disso até começar a tocar na minha própria banda.
Talvez seja diferente com as grandes bandas, mas com as bandas pequenas, como nós, isso é uma realidade.
Então, respondendo à sua pergunta: a internet é um grande presente e um ótimo meio de espalhar a música, até os downloads ilegais podem ser utilizados para espalhar música, o que é bom. Mas se você de fato ama a música de alguém e quer ajudar a banda, compre seus CDs ou canções. Eu mesmo baixo muita música, mas quando eu gosto de um artista eu compro seu CD assim que tenho a oportunidade.

15. Há datas para alguma turnê agendada?

Bem, não temos exatamente uma TURNÊ programada, mas estamos fazendo alguns shows. Todos eles estão listados em nosso site. Infelizmente, todos eles são na Europa...

16. Agradeço pela entrevista e gostaria de parabenizar a banda pelo seu grandioso trabalho. Por fim, o que vocês gostariam de dizer aos fãs brasileiros?

Gostaríamos de agradecer pelo suporte! Nós apreciamos muito o encorajamento dos fãs brasileiros! Creio que o Brasil seja o país onde temos o maior número de fãs, depois da Polônia e da Alemanha... Isso é realmente incrível! Não se esqueçam de conferir In Via! Cuidem-se bem e esperamos vê-los um dia! Deus vos abençoe!

Fonte: Vidas em Revolução

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